CINTRASEUPOVO

sexta-feira, 7 de maio de 2010

FÁBRICA DA POLVORA EM BARCARENA







FÁBRICA DA PÓLVORA EM BARCARENA

CONTA-SE QUE A FÁBRICA DA PÓLVORA EM BARCARENA, FUNCIONOU ENTRE 1540 E 1940.
TENDO ASSUMIDO UM PAPEL IMPORTANTE PARA A POPULAÇÃO LOCAL, COMO FORNECEDORA DE EMPREGO E COMO MOTOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO E DO PAÍS .
APÓS ALGUNS ANOS AO ABANDONO, A CÂMARA MUNICIPAL DE OEIRAS RESOLVEU RECUPERAR A VELHA FÁBRICA PARA FAZER ALI UM GRANDE CENTRO DE CULTURA E LAZER, QUE ALOJA, ACTUALMENTE, UM MUNDO DE INTERESSES VARIADOS, DESDE UM MUSEU SOBRE A HISTÓRIA DA FÁBRICA, CAFÉS E 1 RESTAURANTE, ATÉ 1 PARQUE INFANTIL, ESPAÇO PARA REALIZAÇÃO DE ESPECTÁCULOS, ETC.

COMPANHIA DE PÓLVORAS E MUNIÇÕES DE BARCARENA

APONTAM ALGUNS HISTORIADORES COMO MAIS PROVÁVEL QUE TENHA SIDO ENTRE 1617 E 1621, SOB O DOMÍNIO ESPANHOL E APROVEITANDO AS ANTIGAS INSTALAÇÕES DA CASA DE ARMARIA DE BARCARENA QUE O REI D. MANUEL I ALI MANDARA CONSTRUIR MAIS DE CEM ANOS ANTES, NA MESMA ALTURA EM QUE ORDENARA A CONSTRUÇÃO DE OFICINAS DE PÓLVORA NEGRA NAS TERCENAS DE ALCÂNTARA E DA PORTA DA CRUZ
( ZONA ONDE HOJE SE ERGUE O MUSEU MILITAR, EM SANTA APOLÓNOIA ), ENTÃO NOS ARREDORES DA CAPITAL.
SITUADA PRÓXIMA DE LISBOA E DO TEJO E SERVIDA PELAS ÁGUAS DA RIBEIRA DO MESMO NOME QUE LHE OFERECIA A ENERGIA MOTRIZ AO FUNCIONAMENTO DA SUA, NAQUELE TEMPO, RUDIMENTAR MAQUINARIA, ESTAVA NUM LOCAL PRIVILEGIADO PARA O ABASTECIMENTO DAS FORÇAS MILITARES E DAS EMBARCAÇÕES PORTUGUESAS QUE ENTÃO SULCAVAM OS MARES.
A CHAMADA “ FÁBRICA DE BAIXO “, QUE AINDA HOJE SUBSISTE, FOI INAUGURADA EM 8 DE DEZEMBRO DE 1729 COM A DENOMINAÇÃO DE “ REAL FÁBRICA DA PÓLVORA “, E EM 1817 INICIA A PRODUÇÃO A DESIGNADA “ FÁBRICA DE CIMA “, CONTINUANDO TODAVIA O CONJUNTO A SER CONHECIDO AO LONGO DOS TEMPOS, MESMO EM DOCUMENTOS OFICIAIS, COMO FÁFRICA DE PÓLVORA DE BARCARENA.
EM JANEIRO DE 1757, É TRANSFERIDA PARA A FÁBRICA DE BARCARENA A PRODUÇÃO DE PÓLVORA DA FÁBRICA DE ALCÂNTARA, AQUI PERMANECENDO APENAS A REFINAÇÃO DO SALITRE E DO ENXOFRE.
A PARTIR DE 1791 PASSOU A ESTAR NA DEPENDÊNCIA DO REAL ARSENAL DO EXÉRCITO E APÓS O ANO DE 1849 SOB A SUA ADMINISTRAÇÃO DIRECTA, ATÉ À PRIMEIRA EXTINÇÃO DESTE EM 1869, ALTURA EM QUE PASSOU A TER GESTÃO AUTÓNOMA, SOB FISCALIZAÇÃO DA DIRECÇÃO GERAL DE ARTILHARIA.
FOI SOBRETUDO COM A NOVA ORGANIZAÇÃO COMERCIAL INICIADA POR VOLTA DE 1854 E A POSTERIOR CONSTRUÇÃO , A PARTIR DE 1878, DE NOVAS INSTALAÇÕES, OFICINAS E A AQUISIÇÃO DE NOVA MAQUINARIA, QUE ESTA FÁBRICA SE IMPÔS COMO A MAIS IMPORTANTE DO PAÍS NO FABRICO DE PÓLVORA NEGRA; IMPORTÂNCIA ESTA REFORÇADA EM 1887, EM QUE A REFINAÇÃO DE SALITRE E ENXOFRE ATÉ AÍ EFECTUADA EM ALCÂNTARA, PASSA DEFINITIVAMENTE PARA BARCARENA E EM 1888, COM A TRANSFERÊNCIA DA PIROTECNIA DE BRAÇO DE PRATA QUE APÓS ESTE ANO LHE FICOU AGREGADA, AUMENTANDO SIGNIFICATIVAMENTE A SUA PRODUÇÃO E EXPORTAÇÕES.
NA SEQUÊNCIA DA RESTAURAÇÃO DO ARSENAL EM 1895, A FÁBRICA DE BARCARENA FICOU NOVAMENTE SOB A SUA ADMINISTRAÇÃO ATÉ À EXTINÇÃO DEFINITIVA DAQUELE EM 1927.
COMO JÁ REFERIDO EM ( 1 ), POR DECRETO REAL DE 1902 FOI REGULAMENTADO O FUNCIONAMENTO DOS DIFERENTES ESTABELECIMENTOS QUE CONSTITUÍAM O CHAMADO ARSENAL DO EXÉRCITO, ENTRE ELES A FÁBRICA DA PÓLVORA DE BARCARENA ( ESPECIALMENTE DESTINADA AO FABRICO DAS PÓLVORAS NEGRAS, TANTO DAS QUE SÃO APLICADAS AOS SERVIÇOS MILITARES COMO DAS DE VENDA, Á MANUFACTURA DOS ARTIFÍCIOS PIROTÉCNICOS E AO CARREGAMENTO DOS CARTUCHOS EM QUE FOREM EMPREGADAS AS PÓLVORAS NEGRAS “ ).
POSTERIORMENTE À EXTINÇÃO DO ARSENAL DO EXÉRCITO AS INSTALAÇÕES DE BARCARENA PASSAM A DESIGNAR-SE “ FÁBRICA DE PÓLVORAS FÍSICAS E ARTIFÍCIOS “ POR DECRETO DE 19 DE AGOSTO DE 1927 ABRINDO AS PORTAS Á INDUSTRIALIZAÇÃO E À LIVRE CONCORRÊNCIA COMERCIAL. FOI NESTA FASE QUE A FÁBRICA SOFREU O SEU MAIOR INCREMENTO, COM A AQUISIÇÃO DE NOVA MAQUINARIA, MODERNIZAÇÃO DO SEU LABORATÓRIO E ESTREITAMENTO NA COOPERAÇÃO COM AS ESCOLAS PRÁTICAS DO EXÉRCITO. FORAM ENTÃO ALI PRODUZIDOS DIVERSOS TIPOS DE PÓLVORA DE CAÇA E MILITARES, BEM COMO RASTILHOS E TODO O TIPO DE ARTIFÍCIOS E ENGENHOS APLICADOS NAS NOVAS FORMAS DE GUERRA ENTRETANTO SURGIDAS. ESTA FÁBRICA LABORARIA COM ESTA DESIGNAÇÃO ATÉ 197, ALTURA EM QUE FOI PROFUNDAMENTE REMODELADA E PASSOU A CHAMAR-SE “ FÁBRICA MILITAR DE PÓLVORAS E EXPLOSIVOS “, COM UMA MAIOR DIVERSIFICAÇÃO DE PRODUTOS DE PÓLVORAS QUÍMICAS PARA FINS MILITARES, E ( DESTINA-SE AO FABRICO DE PÓLVORAS FÍSICAS E QUÍMICAS, DE EXPLOSIVOS E ARTIFÍCIOS ESPECIALIZADOS NECESSÁRIOS À CONSTITUIÇÃO DE MUNIÇÕES DE TODOS OS CALIBRES E AO EXERCÍCIO DA ACTIVIDADE MILITAR. A ESTE ESTABELECIMENTO COMPETE O CARREGAMENTO DAS MUNIÇÕES DE ARTILHARIA OU DE QUAISQUER OUTRAS CUJO FABRICO OU ACABAMENTO NÃO ESTEJAM ESPECIALMENTE AFECTOS A OUTRO ESTABELECIMENTO. “)
SEGUINDO-SE UM PERÍODO DE 25 ANOS DE ARRENDAMENTO A PARTICULARES, NOMEADAMENTE UMA COMPANHIA BELGA, POR ESCRITURA PÚBLICA DE 19 DE SETEMBRO DE 1951, AUTORIZADA PELO DECRETO-LEI Nº 38350, DE 1 DE JULHO DE 1951, DENOMINANDO-SE ENTÃO COMPANHIA DE PÓLVORAS E MUNIÇÕES DE BARCARENA “.
EM 1957 FOI EDIFICADA UMA NOVA INSTALAÇÃO, DESIGNADA POR FÁBRICA M1, DESTINADA À PRODUÇÃO DE PÓLVORAS DE BASE SIMPLES ( NITROCELULOSE ) , O QUE NÃO IMPEDIRIA NO ENTANTO O FECHO DA FÁBRICA POUCO TEMPO DEPOIS, SÓ VOLTANDO A SER REATIVADA EM 1976 NOVAMENTE SOB A ÉGIDE DO ESTADO E GESTÃO DA FNMAL, PARA A PRODUÇÃO DE PÓLVORAS DE CAÇA, NUMA ÚLTIMA TENTATIVA PARA MANTER EM FUNCIONAMENTO UMA INSTITUIÇÃO SECULAR COMPLETAMENTE DESACTUALIZADA E DEGRADADA.
EM 1985 ESTA UNIDADE FABRIL PASSOU A INTEGRAR DEFINITIVAMENTE A INDEP, ENCERRANDO COMPLETAMENTE A SUA ACTIVIDADE EM 1988.
BARCARENA ALBERGOU ASSIM, DURANTE VÁRIOS SÉCULOS, ALGUMAS DAS MAIS IMPORTANTES INSTALAÇÕES FABRIS DO PAÍS NA PRODUÇÃO DE ARMAS , PÓLVORAS E MUNIÇÕES, AS QUAIS SOFRERAM AO LONGO DA SUA HISTÓRIA DIVERSAS VICISSITUDES MOTIVADAS POR EXPLOSÕES E DESASTRES SANGRENTOS, EXISTINDO NO LOCAL UMA LÁPIDE EVOCATIVA DAS DEZENAS DE VÍTIMAS MORTAIS.
EM 1994 A CÂMARA MUNICIPAL DE OEIRAS , NO INTUITO DE PRESERVAR A MEMÓRIA HISTÓRICA DA FÁBRICA DE PÓLVORA DE BARCARENA , ADQUIRIU-A E RESTAROU-A COM FINS MUSEOLÓGICOS. ACONSELHAMOS VIVAMENTE UMA VISITA A ESTE LUGAR, CUJAS ESPESSAS E CLAUSTRAIS PAREDES ENCERRAM UM INEGÁVEL ROMANTISMO E UMA DOCE NOSTALGIA .
SERÁ QUE FICA POR AQUI ESTA FÁBRICA ?
ANTÓNIO JOSÉ GONÇALVES :
JOSÉ GONÇALVES NASCEU EM BARCARENA, EM 1849 E FALECEU EM 1926.
ANTÓNIO GONÇALVES DEIXOU COMO DESCENDENTES CARLOS MARIA GONÇALVES ( MILITAR E MÚSICO PROFISSIONAL, DE DIVERSAS BANDAS MILITARES, FOI CONTRAMESTRE DA BANDA DA GUARDA NACIONAL REPUBLICANA E MESTRE DA ORQUESTRA FILARMÓNICA DE BARCARENA ) MÁRIO GONÇALVES ( FOI UM ILUSTRE MESTRE DA FÁBRICA DA PÓLVORA DE BARCARENA , NUM DOS PERIODOS MAIS MARCANTES DA SUA LABORAÇÃO E EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA ) E AINDA LAURA GONÇALVES.
ANTÓNIO GONÇALVES ERA UMA PESSOA SOCIALMENTE EMPENHADA, QUE LUTAVA PELOS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURAIS DA FREGUESIA, FÊ-LO POR DIVERSAS VEZES, EM PARCERIA COM JOÃO CORDES E SEU IRMÃO JOSE MARIA CORDES.
FOI A 25 DE MARÇO DE 1880 QUE UM GRUPO DE PERSONALIDADES BARCARENENSES, ANTÓNIO GONÇALVES, INÁCIO CASIMIRO ALVES DE AZEVEDO, ANTÓNIO DA COSTA PEREIRA, CÂNDIDO ANTÓNIO, HENRIQUE DE SILVA E JOÃO DE SOUSA CANEDO FUNDARAM A SOCIEDADE FILARMÓNOCA DE BARCARENA, UM ESPAÇO CULTURAL QUE ADVINHA DA ANTIGA <> E QUE TEVE POR FINALIDADE DOTAR A POVOAÇÃO DE UM ESPAÇO CULTURAL, UMA BANDA DE MÚSICA E UM GRUPO DE TEATRO.
NO DIA 13 DE JUNHO DE 1901, NA RUA DA FÁBRICA DA PÓLVORA NO SOBREIRO DE BAIXO OCORREU UM GRANDE INCÊNDIO NA SEDE DA SOCIEDADE FILARMÓNICA DE BARCARENA DESTRUÍNDO O ESPÓLIO DESTA ASSOCIAÇÃO.
NÃO EXISTIAM BOMBEIROS EM BARCARENA, SALVO UM GRUPO DE EMERGÊNCIA DE APOIO À FÁBRICA DA PÓLVORA DE BARCARENA, E QUE ERA COMANDADO POR ANTÓNIO GONÇALVES HAVIA CERCA DE 20 ANOS. ERA UMA SECÇÃO DE SOCORRO, PARA OS CASOS DE INCÊNDIO E EXPLOSÃO NA FÁBRICA DE BARCARENA.
POR SUGESTÃO DE CASIMIRO AUGUSTO DE CARVALHO, A POPULAÇÃO E DIRIGENTES DE AMBAS AS COLECTIVIDADES REUNIRAM-SE NA JUNTA DE FREGUESIA DE BARCARENA, ONDE FOI DECIDIDA A FUSÃO DAS COLECTIVIDADES PARA SER CRIADO UM CORPO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS, FORMADOS E TREINADOS, TENDO POR FIM A SALVAGUARDA DAS VIDAS E HAVERES DA POPULAÇÃO.
SURGE ASSIM, DA CONTINUIDADE DO EXERCICIO DA SALVAÇÃO LEVADO A CABO PELO GRUPO DOS 10 VOLUNTÁRIOS DA FÁBRICA DA PÓLVORA DE BARCARENA COMANDADOS POR ANTÓNIO GONÇALVES DESDE 1875, A FUNDAÇÃO DO PRIMEIRO CORPO ACTIVO DE BOMBEIROS NO DIA 15 DE AGOSTO DE 1901, CONSEGUIU-SE A FUSÃO DAS COLECTIVIDADES RIVAIS, PARA DAR ORIGEM A UMA ASSOCIAÇÃO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS, ADOPTANDO O NOME DE ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS “ PROGRESSO BARCARENENSE “
ANTONIO JOSÉ GONÇALVES FOI UM BARCARENENSE ACTIVAMENTE MUITO EMPENHADO , NOS CAMPOS SOCIAL, HUMANITÁRIO, CULTURAL E DAS ARTES. ELE FOI UM, ENTRE MUITOS HOMENS SIMPLES DO POVO DE BARCARENA, MAS CUJA OBRA PERMANECE SOCIALMENTE ACTIVA E CULTURALMENTE VIVA, DEIXANDO UM LEGADO FAMILIAR DE VALORES, AINDA RECORDADOS E PRESERVADOS , PELOS SEUS MÚLTIPLOS DESCENDENTES, QUE TAMBÉM NASCERAM E VIVERAM NA FREGUESIA, HOJE DISPERSOS ENTRE TERCENA, LECEIA E BARCARENA.

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