ÁGUADEIRO DE LISBOA |
O transporte da água
A água era captada em fontes públicas e depois transportada ao ombro em pequenos pipos pelos aguadeiros.
Aguadeiros
(Grupo de aguadeiros, homens e mulheres)
Como se pode ver, o transporte da água era feito preferencialmente em pipos, embora também se utilizassem as bilhas.
A água era recolhida em fontes públicas e transportada porta – a – porta.
Os aguadeiros de Caneças
Desde tempos remotos, os habitantes da povoação de Caneças enchiam de água bilhas de barro que faziam transportar até à Capital.
Assim, sobre o dorso dos animais, em carroças, em galeras e, posteriormente, em camionetas cujo combustível era o gás, substituído mais tarde pelo combustível líquido, o comércio aguadeiro foi crescendo, tornando-se numa das actividades económicas mais importantes para os habitantes e também uma das fontes de receita da freguesia.
(Os carros de tracção animal eram utilizados para o transporte da água.)
Carro com cerca de 18 bilhas de água.
Os últimos Aguadeiros
Fonte das Fontainhas
Esta fonte iniciou a sua actividade em 1910. Foi a primeira a ser explorada pelos aguadeiros, os quais estavam sujeitos ao pagamento de uma taxa. Esta taxa era paga sobre cada bilha de água.
Fonte da Pipa
Os aguadeiros que se abasteciam nesta fonte não pagavam contribuição ao Estado, sob condição de terem os barris cheiros de água para quando houvesse incêndio a despejarem nas caldeiras dos bombeiros.
A qualidade da água
O comércio da água era uma actividade certificada pelas autarquias. Para tal, os proprietários das fontes adquiriam selos metálicos na Junta de Freguesia. A certificação da água, através da colocação dos selos, assegurava aos consumidores a excelente qualidade da água.
As captações da água
Embora algumas fontes tivessem nascentes próprias, muitas havia que eram alimentadas a partir de aquedutos.
Na imagem observa-se o imponente Aqueduto das Águas Livres de Lisboa
AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES |
Segundo o recenseamento de 1763 - 1774 havia 188 aguadeiros em Lisboa e, em 1851, estavam registados 2871.
É necessário não esquecer que o Aqueduto das Águas Livres conduzia as águas aos chafarizes de Lisboa, que distavam bastante uns dos outros.
Com a cumulação de salitre e detritos, os chafarizes e bicas foram-se degradando.
O vasilhame para a água
CANTARO |
Ao lado, diversos tipos de cântaros, em barro, estanho, chapa e plástico.
O consumo de água pela população
Em meados do século XIX cada Lisboeta gastava menos de menos de quatro litros de água por dia.
ENFUSA |
No séc. XVII havia a crença de que a pele não deveria ser lavada frequentemente e que o suor impermeabilizava o organismo contra as mudanças bruscas das temperaturas e doenças variadas.
FONTE DE MASSAMÁ |
Os hábitos de higiene
A higiene, quer pessoal quer pública, era praticamente inexistente. Utilizava-se pouca água em casa e os despejos das águas sujas faziam-se para a ruas, daí resultando cheiros pestilentos e a propagação de doenças.
FONTE EM SINTRA |
– Lançar das janelas corpos sólidos de dia ou de noite – 12$00
– Águas imundas de dia – 8$00
– Lixos das casas, ou restos de frutas, ou hortaliças de dia – 4$00
– Água limpa das janelas ou de dentro das portas de dia, e sobre os passeios – 2$00
Curiosidades dos tempos antigos
Sabia que o sumptuoso palácio de Versalhes, em França, não dispunha de quartos de banho.
Na Idade média não havia banheiros, escovas de dentes, desodorizantes, papel higiénico …
Utensílios de higiene antigos
A ausência de água canalizada nas casas levava a que as famílias utilizassem apenas pequenos lavatórios, em louça ou esmaltados.
FONTE EM LISBOA |
Os banhos
Os banhos eram tomados numa única tina, enorme, cheia de água quente.
O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa.
Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças.
Os bebés eram os últimos a tomar banho, portanto!
Quando chegava a vez deles, a água da tina já estava tão suja que era possível perder um bebe lá dentro.
É por isso que existe a expressão em inglês "don't throw the baby out with the bath water" , ou seja, literalmente "não deite fora o bebé juntamente com a água do banho”.
A água em casa
Cantareira
Neste móvel (louceiro), colocavam-se, na parte superior os pratos e canecas e, na parte inferior, os cântaros, em barro, onde se guardava a água.
ANFURA |
No dia da Batalha de Aljubarrota, encontravam-se os exércitos frente a frente, sob um sol abrasador. Temendo mais a sede que o exército inimigo, Nuno Álvares Pereira incumbiu Antão Vasques de procurar água, uma tarefa difícil dada a secura dos regatos. Após algum tempo, já desesperado, Antão Vasques desceu do cavalo, ajoelhou-se na terra poeirenta e pediu a S. Jorge que o ajudasse. No mesmo instante, surgiu uma camponesa com uma bilha de água. Quanto mais dela se bebia mais de água se enchia. Uma água que saciava a sede e renovava as forças e o espírito. Os castelhanos atacaram, certos de encontrar os soldados enfraquecidos pela espera e pela sede. Mas os portugueses aguentaram firmes e, para grande surpresa dos castelhanos, ganharam a batalha.
COPO EM VIDRO |
Os aguadeiros vendiam água de porta em porta, com uma licença da Câmara. Aquele que fosse apanhado sem licença para exercer esta profissão teria que pagar 1$00 de multa. Tinham de anunciar a água em cada rua por meio de pregão ou corneta e traziam uma tabuleta que indicava qual a origem da água. Se, por acaso, vendessem água diferente da referida estavam também sujeitos a uma multa de $30 a $50.
COPO DE ALUMINIO |
COPO DE MADEIRA |
Eis alguns dos seus pregões:
“Há água fresquinha!Quem quer, quem quer?”
“Água fresquinha e pura
Olha o púcaro de água fresca”
“Água: Áá-Áá! – Áúúú! (1903); Á–ú! – Áááuga! (1903)”
A história dos copos
Taças, copos, flûte todos para o nosso conforto, mas como será que surgiram? Não é possível falar de copos sem falar do surgimento do vidro. Sabe-se que os primeiros vidros datam de 2.500 a.C, foram encontrados na Mesopotâmia e são de cor azul.
COPOS DE VIDRO |
LOUÇA EM ESMALTE |
COPO EM ZINCO |
Afinal, o que é o vidro?
A forma mais simples que temos de entender a composição do vidro é que ele nada mais é do que uma areia derretida a cerca de 1.500 graus. A areia que encontramos nas praias contém, todos os elementos necessários para a fabricação do vidro – Sílica, Carbonato de Cálcio e Sódio/ Potássio. As cores são obtidas através de óxidos de metais que se misturam à composição.
Ao contrário que muita gente pensa os copos já existe antes de cristo os copos de ferro ,de madeira, de barro, de vidro, de aluminio, de zinco e de esmalte teem mais de cem anos por esse motivo não vejo mal nenhum os grupos de folclore utiliza-los nas suas bilhas de águadeiros ou águadeiras como por vezes representam.
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