o polvorista e o ferrador
Segundo Leite de Vasconcelos, a mais recuada referência ao termo " saloio " terá sido feita por Manuel Machado de Azevedo ( séc. xv1 ) que num poema dedicado a sá de Miranda no qual lhe chamava " saloio " por ele ter ausentado da capital e fixado no campo ( no Minho ) . E durante alguns séculos o território saloio foi, para a maioria dos autores, toda a região do " Termo de Lisboa "; mas, não esqueçamos que o conceito de " Termo de Lisboa " se foi alterando conforme o decorrer dos tempos . Ainda nos finais do século (19 ) zonas como Alvalade, Alto Pina, Campo de Ourique, Campo Grande, Benfica, Algés, Dafundo, ou Cruz Quebrada eram consideradas como sendo arredores de Lisboa, eram zonas habitadas por saloios e nas quais os lisboetas faziam os seus " picnics " de domingo ou veraneavam.
Recordarei que, em épocas diferentes vàrios autores dão como sendo território saloio e saloios os habitantes do campo e neste caso que estou a falar é das localidades como : Caneças, Frielas, Loures, Benfica, Porcalhota, Damaia, Rio de Mouro -- hoje zonas integradas na grande Lisboa -- Sacavém, Terrugem, Unhos, Camarate, Mafra, Sintra, Montelavar, Lourinhã, Cadaval, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras, Óbidos, Caldas da Rainha, Oeiras .
João Paulo Freire, Alberto de Pimentel e Micaela Soares, autores contemporâneos juntamente considerados como sendo os principais e mais profundos estudiosos dos saloios, debruçaram-se em assuntos de capital importância como : a etimológica da palavra " saloio " ; o território saloio; caracterização humana , psicológica e sociológica do saloio; aspectos etnográficos e espirituais, religiosos, etc. dos saloios; a linguagem dos saloios, etc. Contudo , como a maioria dos antropólogos, etnógrafos e folcloristas é muito " pela rama " que se referem às danças dos saloios.
A verdade é que a designação de " saloio " foi, desde sempre dada, precisamente, aos mouros--berberes que se fixaram em volta de Lisboa e, até, por vezes em regiões algo distantes da capital.
Dado que, após a fundação de Portugal, as duas etnias, ou melhor: os dois grupos etno-religiosos, cristãos e muçulmanos pautaram as suas relações por uma salutar tolerância, sabe-se que, ao longo dos tempos, se estabeleceram íntimos contactos, quer éticos quer culturais, processo de miscigenação em que os moçárabes ( isto é : os godo-cristãos que adoptaram os costumes muçulmanos ) desempenharam um papel de grande e profunda influência. À existência de saloios como descendentes dos mouros que se fixaram em arrabaldes rústicos e campesinos em volta de grandes centros populacionais .
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.