CINTRASEUPOVO

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

DESERTIFICAR PORTUGAL


Desertificação em Portugal

Portugal é um dos países europeus com maior risco de desertificação. Esse risco é praticamente nulo nas regiões acima do rio Tejo, mas abaixo do mesmo esse risco torna-se evidente. As províncias do Alentejo e Algarve sofrem uma grande pressão hidrográfica devido à falta de pluviosidade, prática agrícola excessiva (Alentejo), e demasiadas infraestruturas turísticas (Algarve).

Na província alentejana, para combater a falta de pluviosidade, foi construída a barragem do Alqueva (não foi a única razão para a sua construção), de modo a criar o maior lago artificial da Europa.

Há muito que se fala na desertificação de Lisboa e que é preciso estancar a sangria de habitantes da cidade. Pois muita gente tem abandonado a cidade “estranhos” seres que se fartou desta cidade e vai “fazer a sua vida para outro lado”. Uma oportunidade para desviarem os olhos dos números e atentarem nas causas da debandada. Uma oportunidade para refletirem, portanto. Se quiserem, claro.

Os motivos são muitos, que conduziram a um mais poderoso e decisivo: deixaram de gostar de viver em Lisboa. Por outro lado, pretendem ter filhos e não acham que Lisboa seja um bom sítio para educar os seus filhos.

Lisboa tornou-se uma cidade muito pouco amiga dos lisboetas (e dos não lisboetas).
O processo de descaracterização, de destruição de uma memória importante de Lisboa, continua imparável, sob a argumentação de que se trata de demolir prédios sem valor arquitetónico especial. A reconstrução de acordo com a traça original é a exceção nesta cidade. E o resultado está à vista.
Lisboa parece estar em obras desde o grande terramoto de 1755. Vejo outras cidades da Europa e não vejo este disparate de obras por todo o lado.

(A construção de novos prédios não pára em Lisboa. Coisa estranha: a cidade continua a perder muitos habitantes, mas vão sendo construídos cada vez mais prédios...)

As obras incomodam. Demoram demasiado tempo. São barulhentas. São, com muita frequência, feitas à balda  colocando em causa a segurança dos transeuntes. Depois de concluídas, por vezes os materiais, as areias, os estragos feitos, as restrições à passagem de pessoas permanecem muito tempo. Parece não haver ninguém para fiscalizar tudo isto.

Mas não são apenas as obras que tornam desagradável a vida na cidade. Em Lisboa, há muito tempo que o automóvel é rei e senhor da cidade. Em consequência, a urbe tem vindo a assistir a um processo contínuo de desumanização.
Em Lisboa, é dada prioridade ao estacionamento automóvel em detrimento da qualidade de vida dos habitantes da cidade.

Lisboa é uma cidade insegura. Não falo de insegurança relacionada com o crime. Falo do elevado risco de atropelamento que se verifica um pouco por toda a cidade. A começar nos atropelamentos nos próprios passeios (onde os automóveis, para estacionar, fazem manobras - sempre perigosas), passando pelos atropelamentos nas faixas de rodagem, de peões que não podem circular nos passeios ocupados, e a acabar nos atropelamentos em plenas passagens de peões. A própria câmara aumenta o risco de atropelamento em inúmeros locais, como este, onde autoriza ilegalmente o estacionamento automóvel a menos de cinco metros das passadeiras, criando novos problemas de segurança.

Lisboa é uma cidade suja. Os primeiros responsáveis são, naturalmente, os próprios lisboetas, que não primam pelo civismo. Chega a ser deprimente ver pessoas a atirar lixo para o chão perante a total indiferença da polícia.

E como este artigo não pretende, nem de perto nem de longe, ser um diagnóstico dos problemas da cidade de Lisboa (nem eu teria competência para o fazer), fico-me por aqui.
O problema da desertificação de Lisboa é grave. Lisboa tem assistido a uma razia da população activa. As estatísticas dizem-nos que a maior parte dos que ficaram em Lisboa já não fazem parte dos que trabalham. A cidade tem, por isso, cada vez menos receitas de impostos. Com menos receitas, os problemas de Lisboa agravam-se... Com a debandada, e uma vez que nenhum governo de Lisboa teve a coragem para impedir tudo isto que tem acontecido na  cidade, então aumenta o número de veículos a entrar diariamente na cidade e a qualidade de vida degrada-se ainda mais... Conseguirá a cidade sair deste círculo vicioso?
Quem tiver  a possibilidade de ir viver para um sítio melhor, por que razão haveria  de continuar a viver numa cidade que  despreza e marginaliza,  milhares de lisboetas?
Á muitos tempo que se deixou de ouvir os pregões dos lisboetas  e dos saloios , " outros tempos ", hoje  em lisboa  " Martin Moniz , São Jose, e toda a Mouraria só temos lojas em que os donos são de todas as étnias, menos portuguesa , é assim que a nossa cultura de  Lisboa deste povo bairrista se vai desertificar também.

Talvez valesse a pena reflectirem sobre tudo isto e tomarem decisões corajosas. Mas  politicos com   to....m...es , onde estão eles ?

Lisboa tem muitas coisas boas? Com certeza que sim. Lisboa tem "cantos" soberbos? Sem dúvida. Lisboa ainda é uma cidade muito bonita? Sim, é verdade. Mas o mau acaba de a matar.


Adeus, Lisboa. As melhoras.






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