CINTRASEUPOVO

terça-feira, 3 de maio de 2011

POLÍTICAS DO FOLCLORE

LAVADEIRAS A CAMINHO DE LISBOA 
O TERMO   « FOLCLORE » TANTO É USADO ENTRE NÓS ENQUANTO SINÓNIMO APROXIMADO DE  « CULTURA POPULAR »  COMO SERVE PARA  DESIGNAR O ESTUDO OU AINDA A FIGURAÇÃO  DESSA CULTURA. É DO FOLCLORE NESTE ÚLTIMO SENTIDO QUE FALAREI. REFIRO-ME, MAIS ESPECIFICAMENTE, AO FOLCLORE DOS RANCHOS FOLCLÓRICOS, DOS DESFILES DE TRAJES TRADICIONAIS E DE OUTRAS MOSTRAS PERFORMATIVAS E MUSEOGRÁFICAS DE ÂMBITO LOCAL OU REGIONAL. SEGUINDO RICHARD HANDLER, CONSIDERO QUE  « A ENGRENAGEM DA EXIBIÇÃO DAS DANÇAS FOLCLÓRICAS É TÃO NATURAL COMO AS DANÇAS QUE SE EXIBEM » E QUE EM MEDIDA EM QUE    « AMBAS SÃO CULTURA, CULTURA MODERNA, SÃO AMBAS PASSÍVEIS DE ANÁLISE ANTROPOLÓGICA »  PARA SER MAIS PRECISO, A ABORDAGEM QUE AQUI DIGO TEM COMO PONTO DE PARTIDA UM ENTENDIMENTO DO FOLCLORE ENQUANTO OBJECTO DEFINIDOR DE UM CAMPO SOCIAL, NO SENTIDO QUE PIERRE BOURDIEU CONFERIU À NOÇÃO. AFUNILANDO AINDA MAIS ESTA  OPÇÃO ANALÍTICA, FOCO A ATENÇÃO AO NIVEL DOS DISCURSOS SOBRE O FOLCLORE EM CURSO DENTRO DO CAMPO.
 
LAVADEIRAS NO RIO
NOS DISCURSOS EM TORNO DO FOLCLORE PORTUGUÊS, DESDE OS ANOS 30, ATÉ AO PRESENTE, JULGO ENCONTRAR UMA POLARIZAÇÃO ENTRE DUAS FORMAS DE CONCEBÊ-LO , ENTRE UM PARADIGMA DA RECONSTITUIÇÃO, QUE FAZ DO FOLCLORE REPRESENTAÇÃO TÃO FIEL QUANTO POSSIVEL DOS COSTUMES DE OUTRORA, E UM PARADIGMA DA ESTILIZAÇÃO, QUE FAZ DO FOLCLORE UM OBJECTO EM  QUE CIRCULA NUM MERCADO PRÓPRIO E CUJAS PROPRIEDADES DEVEM SER CONDICIONADAS POR ESSA INSERÇÃO. ESTES DOIS PARADIGMAS CONSTITUEM DESENVOLVIMENTOS EXTREMOS DE UMA TENSÃO INERENTE À FIGURAÇÃO FOLCLÓRICA E, NESSA MEDIDA, AMBOS ORIENTAM PROGRAMAS DE ACÇÃO LIMITADOS PELAS CARACTERÍSTICAS OBJECTIVAS DO FENÓMENO EM JOGO. PROCURAREI DEMONSTRAR QUE AMBOS OS DISCURSOS SÃO INSTRUMENTAIS NAS DISPUTAS ENTRE GRUPOS E  EM CONCORRÊNCIA NO INTERIOR DO CAMPO E QUE, AO NIVEL DOS CENTROS DISCIPLINARES, A TRANSIÇÃO DE UM PARA O OUTRO FOI PROPICIADA POR MUDANÇAS SOCIAIS OCORRIDAS NO INTERIOR E NO EXTERIOR DO CAMPO APÓS O 25 DE ABRIL DE 1974.  
DAREI AINDA CONTA DA CIRCULAÇÃO RECENTE DE UM  « DISCURSO SOCIOLÓGICO » SOBRE O FOLCLORE, QUE O ARTICULA COM NOÇÕES COMO « CULTURA LOCAL », « IDENTIDADE LOCAL » E « MEMÓRIA COLECTIVA ». ESTE DISCURSO MATERIALIZA-SE DE FORMA PARTICULARMENTE ELABORADA EM TEXTOS CUJOS AUTORES COMBINAM UMA POSIÇÃO INFLUENTE EM ARENAS  DO CAMPO DO FOLCLORE E DAS POLITICAS CULTURAIS DE ÂMBITO LOCAL OU REGIONAL COM UMA FORMAÇÃO ACADÉMICA NA ÁREA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS. MAS AS SUAS CATEGORIAS ELEMENTARES CIRCULAM NUM ESPAÇO MAIS AMPLO. SINTOMA DA  « SOCIOLOGIZAÇÃO » CONTEMPORÂNEA DO SENSO COMUM. ALGUMAS RELAÇÕES ENTRE ESTE DISCURSO E O DAS CIÊNCIAS SOCIAIS SERÃO OBJECTO DE COMENTÁRIO NO FINAL DO PERCURSO QUE AQUI SE TRAÇA.
UMA ÚLTIMA OBSERVAÇÃO PRELIMINAR. NESTE TEXTO CONCENTRO-ME ESSENCIALMENTE NOS PROMOTORES DO FOLCLORE E NAS SUAS PALAVRAS , NOS FOLCLORISTAS « TEÓRICOS » EM DETRIMENTO DOS  «PRÁTICOS », POR CONTEMPLAR FICAM VÁRIOS OUTROS INTERVENIENTES NO MERCADO DO FOLCLORE, « DIGO MERCADO PORQUE MUITOS GANHAM DINHEIRO Á CUSTA DO FOLCLORE » BOA PARTE DOS «ACTORES» ( ISTO É , OS TOCADORES, CANTADORES,E DANÇADORES DOS RANCHOS ), OS INTERMEDIÁRIOS ( ORGANIZADORES DE FESTAS E ROMARIAS, INDUSTRIAIS DO TURISMO,ETC), E OS CONSUMIDORES. OBSERVAR-SE-Á QUE AS EXPECTATIVAS E AS COMPET~ENCIAS DOS PRIMEIROS E DOS ÚLTIMOS SÃO FREQUENTEMENTE DADAS POR ADQUIRIDAS NOS DISCURSOS QUE AQUI SE VISITAM. ESTÁ, PORÉM, FORA DO ÂMBITO DESTE TEXTO AFERIR A JUSTEZA DESSAS ALEGAÇÕES. ESSE É UM DOS MOTIVOS PELOS QUAIS, NO TEXTO QUE SE SEGUE, NÃO SE ACHARÁ MAIS DO QUE UMA APROXIMAÇÃO ÁQUILO QUE PODERIA SER UM ESBOÇO DE UM RETRATO DO CAMPO DO FOLCLORE.
UM TAL RETRATO SÓ SE CUMPRIRÁ COM O RIGOR NECESSÁRIO MEDIANTE UMA INVESTIGAÇÃO SISTEMÁTICA QUE COMTEMPLE TODOS OS INTERVENIENTES E QUE EXPLORE TAMBÉM, MUITO PARA ALÉM DAS SUGESTÕES QUE AQUI SE FAZEM, AS CIRCULAÇÕES ENTRE AS RESPECTIVAS POSIÇÕES DENTRO DO CAMPO E AS QUE OCUPAM NOUTRAS ARENAS DE INTERAÇÃO.

CAMPO DO FOLCLORE
POSTULAR E EXISTÊNCIA DE UM CAMPO FOLCLÓRICO PARECE-ME UM PROCEDIMENTO TURISTICO FRUTUOSO.
O CONCEITO DE CAMPO, TAL COMO BOURDIEU O DESENVOLVEU , REFERE-SE A UM ESPAÇO DE POSIÇÕES E RELAÇÕES SOCIAIS MAIS OU MENOS INSTITUCIONALIZADAS QUE GIRAM EM TORNO DE TERMINADA ESPÉCIE DE PRODUÇÃO . SIGO BOURDIEU QUANDO ESTE AFIRMA: COMPREENDER A GÉNESE SOCIAL DE UM CAMPO, E AORENDER AQUILO QUE FAZ NECESSIDADE ESPECÍFICA DA CRENÇA QUE O SISTENTA, DO JOGO DE LINGUAGEM QUE NELE SE JOGA, DAS COISAS MATERIAIS E SIMBÓLICAS QUE NELE SE GERAM, É EXPLICAR, TORNAR NECESSÁRIO, SUBTRAIR AO ABSURDO DO ARBITRÁRIOE DO NÃO MOTIVADO AS ACTOS DOS PRODUTORES E AS OBRAS POR ELES PRODUZIDAS E NÃO, COMO GERALMENTE SE JULGA, REDUZIR OU DESTRUIR.
A UTILIZAÇÃO DO CONCEITO DE CAMPO MOBILIZA DUAS CRENÇAS ACERCA DA NATUREZA HUMANA QUE CONVÉM EXPLICITAR À PARTIDA. A PRIMEIRA É A DE QUE «OS AGENTES SOCIAIS NÃO REALIZAM ACTOS GRATUITOS » RECUSAR O CARÁCTER GRATUITO DA ACÇÃO HUMANA IMPLICA PENSÁ-LA COMO PRÁTICA MOTIVADA .( O MOTIVO PELO DESEJO DE GRATIFICAÇÃO FREQUENTEMENTE SOB A FORMA DE RECONHECIMENTO )  E A POSIÇÃO QUE ELE OCUPA NO CAMPO ONDE AS PRÁTICAS EM QUESTÃO SÃO PERTINENTES.  A NATUREZA DOS HUMANOS É, POIS, O SEGUNDO POSTULADO ONTOLÓGICO FUNDAMENTAL QUE ESTÁ IMPLICADO NA UTILIZAÇÃO DO CONCEITO DE CAMPO, DE FORMA QUE ESTE PODE SER DEFINIDO COMO INSTÂNCIA DE SOCIALIZAÇÃO .
UM PRIMEIRO INDÍCIO DA EXISTÊNCIA DE UM CAMPO FOLCLÓRICO É A INDIFERENÇA DE MUITA GENTE FACE AO FOLCLORE. « INDIFERENÇA » NÃO QUER DIZER UMA COMPLETA AUSÊNCIA DE OPINIÃO PERANTE O FOLCLORE EM GERAL, MAS SIM UM DESINTERESSE PELOS PRODUTOS FOLCLÓRICOS E UMA INCAPACIDADE DE DIFERENCIÁ-LOS UNS DOS OUTROS.
HÁ EM PORTUGAL MAIS DE 2000 ASSOCIAÇÕES CULTURAIS E RECREATIVAS DE BASE LOCAL E REGIONAL QUE USAM O ADJECTIVO « FOLCLORICO » OU OUTROS TERMOS APARENTADOS PARA SE DESIGNAREM A SI PRÓPRIOS. A MAIORIA DESTES GRUPOS DEDICA-SE EXCLUSIVAMENTE À FIGURAÇÃO ESPETACULAR DE DANÇAS E CANTARES REGIONAIS E TRADICIONAIS, EMBORA ALGUNS TRABALHEM NUM DOMINIO MAIS AMPLO DO REGISTO « ETNOGRÁFICO INFLIZMENTE POUCOS » ALÉM DE CERCA DE CERCA DE 800 RANCHOS FOLCLÓRICOS ENQUADRADOS NA FEDERAÇÃO DO FOLCLORE PORTUGUÊS , ( MUITOS DELES DUVIDOSOS) CONTAM-SE CENTENAS DE OUTRAS AGREMIAÇÕES ESPALHADAS POR TODO O PAÍS.  TRATA-SE DE GRUPOS CONSTITUIDOS POR AMADORES, PESSOAS QUE AMAM O FOLCLORE MAS QUE TIRAM O SEU SUSTENTO DE OUTRAS ACTIVIDADES . CENTRAM-SE COM FREQUÊNCIA NA FIGURA DE UM LÍDER CARISMÁTICO .
EXISTE UM MERCADO BEM ESTABLECIDO DE EXIBIÇÃO E DE CONSUMO DO FOLCLORE. TRATA-SE DE UM MERCADO DINAMIZADO POR MEDIADORES, COMO AS COMISSÕES DE FESTAS E DE ROMARIAS, EDITORAS DISCOGRÁFICAS, AGENTES DE TURISMO E DA INDUSTRIA HOTELEIRA E POLITICOS LOCAIS.      AO MESMO TEMPO QUE SE ABASTECEM DO FOLCLORE PARA CAPITALIZAREM GANHOS EM ESFERAS DIVERSAS DA VIDA SOCIAL, DA  ESFERA  ECONÓMICA À DAS POLITICAS COMUNITÁRIAS , AQUELES AGENTES ABASTECEM OS AGRUPAMENTOS FOLCLÓRICOS DOS PÚBLICOS E DO CAPITAL DE QUE ESTES CARECEM PARA SE MANTEREM EM FUNCIONAMENTO.
ALÉM DESTES MEDIADORES, EXISTEM INSTITUIÇÕES OFICIAIS DE ÂMBITO MUNICIPAL REGIONAL E NACIONAL QUE ESTIMULAM E PATROCINAM O TRABALHO DOS RANCHOS, SEJA ATRAVÉS DE ACONSELHAMENTO TÉCNICO, SEJA POR VIA DA ATRIBUIÇÃO DE APOIOS FINANCEIROS, SEJA AINDA MEDIANTE A ORGANIZAÇÃO DE FESTIVAIS E COLÓQUIOS .  ( MAS HOJE EM DIA POUCOS SÃO OS RANCHOS QUE RECEBEM ESSE APOIO  TANTO EM DINHEIRO COMO EM CONSELHO TÉCNICO POIS OS QUE LÁ ESTÃO POUCO PERCEBEM DE FOLCLORE MESMO NA FEDERAÇÃO DO FOLCLORE PORTUGUÊS E POR VEZES SÓ VÊ OS RANCHOS POR AMIZADES , POIS ESTAMOS EM PORTUGAL MEUS AMIGOS ) REFIRO-ME ESPECIALMENTE AO INSTITUTO NACIONAL PARA O  APROVEITAMENTO TEMPOS LIVRES ( INATEL ) E ÁS CAMARAS MUNICIPAIS.
OS DADOS  DE UM ESTUDO  SOBRE PRÁTICAS MUSICAIS LOCAIS QUE VEM A SER, DESENVOLVIDO PELO INSTITUTO DE ETNOMUSICOLOGIA DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA REGISTAM, NO CONJUNTO DO PAÍS, 2075 « GRUPOS DE FOLCLORE » 341 « GRUPOS CORAIS TRADICIONAIS » 261 GRUPOS DE MUSICA POPULAR / TRADICIONAL» E 152 «  GRUPOS DE INSTRUMENTOS TRADICIONAIS » .
OBSERVE-SE QUE AS AUTORAS APLICAM A DESIGNAÇÃO  « GRUPOS DE FOLCLORE » APENAS AOS AGRUPAMENTOS MUSICAIS CUJO TRABALHO INTEGRA A EXPRESSÃO COREOGRÁFICA.
EU E A MINHA ROSINHA
EXISTEM MANIFESTAÇÕES CULTURAIS EXCLUSIVAMENTE DEDICADAS Á EXIBIÇÃO E AO CONSUMO DO FOLCLORE, COMO OS FESTIVAIS DE FOLCLORE E OS CORTEJOS ETNOGRAFICOS.
EXISTEM REDES FORMAIS E INFORMAIS DE CONTACTO ENTRE RANCHOS, NAS QUAIS  SE DESENVOLVEM RELAÇÕES DE RECIPROCIDADE. HAVENDO BOAS RELAÇÕES  ENTRE GRUPOS, ATRAVÉS DESSAS REDES CIRCULAM , POR EXEMPLO, NÃO SÓ CONVITES PARA ACTUAÇÕES EM PUBLICO, PARA COLABORAÇÕES EM EMPREENDIMENTOS CONJUNTOS.
FINALMENTE, EXISTE DESDE HÁ MAIS DE TRES DÉCADAS UMA ORGANIZAÇÃO FEDERATIVA QUE TEM COMO     ( DEVERIA DE SER )  OBJECTIVO EXPRESSO, COMO PRINCIPAL RAZÃO DE SER, ALCANÇAR O MONOPÓLIO DA AUTORIDADE DISCIPLINAR SOBRE OS AGRUPAMENTOS FOLCLÓRICOS NACIONAIS. REFIRO-ME Á FEDERAÇÃO DO FOLCLORE PORTUGUÊS.
QUERO FOCAR A ATENÇÃO NESTE ÚLTIMO PONTO. A FEDERAÇÃO DO FOLCLORE PORTUGUÊS FOI CRIADA EM 1977, TRÊS ANOS APÓS O 25 DE ABRIL. O CAMPO DO FOLCLORE FORMARA-SE NO NOSSO PAÍS DURANTE O ESTADO NOVO. ATRAVÉS DE ORGANISMOS COMO A FEDERAÇÃO NACIONAL PARA ALEGRIA NO TRABALHO, A JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO E O SECRETARIADO NACIONAL DE INFORMAÇÃO, CULTURAL POPULAR E TURISMO, O ESTADO NOVO FOMENTOU A MULTIPLICAÇÃO DE AGRUPAMENTOS FOLCLÓRICOS LOCAIS, AO MESMO TEMPO QUE PROCUROU EXERCER UMA SUPERVISÃO ZELOSA SOBRE  O FUNCIONAMENTO INTERNO DOS MESMOS, COBRINDO DESDE OS ASSUNTOS INSTITUCIONAIS ATÉ AOS CONTEÚDOS COREOGRÁFICOS.
O INVESTIMENTO  DO ESTADO NOVO NO FOLCLORE FEZ PARTE DO TRABALHO DE REDUÇÃO DO « POPULAR » AO «CAMPONÊS » E EM DEPOIMENTO TANTO QUANTO SEI INCONTESTADO, ABEL VIANA ATRIBUI A SI MESMO A FUNDAÇÃO, DOS PRIMEIROS RANCHOS FOLCLÓRICOS EM PORTUGAL. « SE NÃO ESTOU EM ERRO » OS PRIMEIROS RANCHOS PERMANENTES DESTINADOS A DEMONSTRAÇÕES FESTIVAS DE TRAJOS , DANÇAS E CANTARES.


ATINGIRIA EXPRESSÃO NACIONAL CONSIDERÁVEL NAS DÉCADAS 40 E 50. NOS ANOS 60 REGISTOU-SE UMA RETRACÇÃO DO NÚMERO E DA ACTIVIDADE DOS RANCHOS FOLCLÓRICOS, CONCORREU PARA O APAGAMENTO DO FOLCLORE NAQUELE PERIODO FOI A DRÁSTICA DIMINUIÇÃO DA POPULAÇÃO JUVENIL, QUE CONSTITUIA  E CONSTTUI  O GROSSO DO CONTINGENTE DOS RANCHOS, DIMINUIÇÃO ESSA DERIVAVA DO FORTE SURTO MIGRATÓRIO E DA MOBILIZAÇÃO DOS  RAPAZES PARA A GUERRA COLONIAL.
DEPOIS DO FIM DA GUERRA DISPAROU NOVAMENTE OS RANCHOS DE FOLCLORE EM PORTUGAL.
MAS FALANDO DE ABEL VIANA , ESTE SENHOR DEFENDEU A ESTILIZAÇÃO DA INDUMENTÁRIA COM OUTROS ARGUMENTOS SOBRE OS RANCHOS. DEPOIS DE ESTABLECER UMA TIPOLOGIA DOS GRUPOS FOLCLÓRICOS QUE OS SERIA E HIERARQUIZA EM QUATRO CATEGORIAS, DOS RANCHOS AUTÊNTICOS AOS INVENTADOS. TRATA-SE DO TEXTO DA COMUNICAÇÃO APRESENTADA POR VIANA NO I CONGRESSO DE ETNOGRAFIA E FOLCLORE.
A TIPOLOGIA DE ABEL VIANA PRIVILEGIA O TRAJE COMO MEIO DE AFERIR O GRAU DE AUTENTICIDADE DOS AGRUPAMENTOS FOLCLÓRICOS. NO TIPO  A  TEMOS OS « RANCHOS COM INDUMENTÁRIA VERÍDICA, DANÇAS E CANTARES TRADICIONAIS », OS DE  « AUTÊNTICO VALOR FOLCLÓRICO  QUE GOZAM DE CATEGORIA COMO DEMONSTRAÇÃO ETNOGRÁFICA »
NO TIPO  B  ENCONTRAMOS OS RANCHOS FARDADOS, AQUELES QUE NÃO MOSTRAM VARIEDADE NO VESTIR .

ESTES DEVEM SER GEMEOS ESTÃO TODOS DE IGUAL

O TIPO   C  É O DOS RANCHOS ESTILIZADOS, « AQUELES QUE NÃO REPRESENTAM O VERDADEIRO TRAJO LOCAL, MAS SIM OUTRO NELE  INSPIRADO .
E FINALMENTE , NO TIPO  D    ENCONTRAMOS OS RANCHOS INVENTADOS, OS QUE CRIAM UMA VESTE DE FANTASIA , COMPLETAMENTE ALHEIA Á INDUMENTÁRIA TRADICIONAL DA REGIÃO QUE DIZEM REPRESENTAR E ATÉ DE TODO O PAÍS.
NA MESMA ÉPOCA, MÁRIO DE SAMPAYO RIBEIRO DEFENDE TAMBÉM A NECESSIDADE DE UMA « ESTILIZAÇÃO PARCIMONIOSA » COM ARGUMENTOS SEMELHANTES AOS DE ABEL VIANA  , MAS , ENQUANTO ESTE ADVOGA PARA OS FIGURINOS, SAMPAYO RIBEIRO ADMITE-A APENAS NO TOCANTE Á COREOGRAFIA.
A ESTILIZAÇÃO EMBORA PARCIMONIOSA PARECE-ME INEVITÁVEL PORQUE O FOLCLORE AUTÊMTICO É ESTÁTICO E, PORQUE O É, PODE NÃO SER COMUNICATIVO EU EXPLICO : SE A DANÇA É RICA DE PASSOS QUE RESPEITAM METICULOSAMENTE OS CÂNONES FOLCLÓRICOS, A ALEGRIA DOS PARES PODE VITALIZAR O CONJUNTO E APROXIMÁ-LOS DA NOSSA SENSIBILIDADE ( O QUE É COMO QUEM DIZ DA SENSIBILIDADE DOS NOSSOS DIAS ), MAS SE O BAILE É POBRE DE MOVIMENTOS E OS BAILARINOS  LENTOS, A EXIBIÇÃO PASSA A CONSTITUIR « PEÇA DE MUSEU » E ARRISCA-SE A SER APRECIADA APENAS POR MEIA DÚZIA DE PESSOAS , IMPORTA , NO ENTANTO TER MUITA CAUTELA NESTE CAMPO E NÃO ABUSAR EM ASPECTOS QUE, EMBORA ACESSÓRIOS, NÃO DEVEM PERDER A AUTENTICIDADECOMO É  O CASO DA INDUMENTÁRIA.
O CONFRONTO DESTAS POSIÇÕES PERMITE PERCEBER QUE A APOLOGIA DO FOLCLORE ESTILIZADO , AQUILO A QUE CHAMO O PARADIGMA DA ESTILIZAÇÃO , CONSTITUINDO A UM CERTO NÍVEL UM ESPAÇO DE ACORDO ENTRE FOLCLORISTAS, NÃO DEIXAR POR ISSO DE ACOLHER DIVERGÊNCIAS ENTRE ELES QUANTO AO OBJECTO, AO MODO E AO GRAU DA ESTILIZAÇÃO.
SENDO ASSIM DIGO :
RANCHO DEVE CONSTITUIR EM ALCANÇAR O MÁXIMO DE SIMILITUDE ENTRE A REPRESENTAÇÃO FOLCLÓRICA E O SEU REMOTO ORIGINAL. UM RANCHO DE FOLCLORE DEVE CONSTITUIR-SE COM O LOUVÁVEL PROPÓSITO   DE  REPRESENTAR COM A AUTENTICIDADE POSSIVEL REALIDADE SOCIAL, ECONÓMICA E CULTURAL DA SUA REGIÃO NUMA DETERMINADA ÉPOCA .


É MUITO IMPORTANTE UM RANCHO DIVULGAR O FOLCLORE ESTE RANCHO ESTÁ MAL VESTIDO
 
                            NÃO SEI SE COM ESTES CESTOS VENDIAM ALGUMA COISA  

APRENSENTAR BOA ETNOGRAFIA É ISTO
O COMPONENTE DE UM GRUPO DE FOLCLORE QUER E DEVE DAR A CONHECER OS USOS E COSTUMES DE MEIOS RURAIS OU PISCATÓRIOS TERÁ E DEVERÁ , POR CONSIDERAÇÃO PELAS GENTES QUE REPRESENTA E POR RESPEITO A SI PRÓPRIO, SER FIEL ESPELHO DOS SEUS ANTEPASSADOS. PARA QUE O FOLCLORE CONSIGA  ESPELHAR O PASSADO, E NÃO FAZER USO DE ACESSÓRIOS BRINCOS E COLARES , PULSEIRAS ,RELÓGIOS, PORQUE HOJE EM DIA JÁ UTILIZAM ÓCULOS DE SOL E A CORES, TELEMÓVEIS, UNHAS DE GEL , E POR INCRIVÉL JÁ VI COM OS FONES NOS OUVIDOS E VIMOS ASSIM OS RANCHOS MAIS DEGRADADOS, AS RAPARIGAS COM SAIAS MUITO CURTAS PARA SE PODER VER AS PERNAS E TODAS  AO RODAR UM DIA VAMOS PODER VER O FIO DENTAL E TODAS PINTADAS E CABELOS SOLTOS, SAPATOS CAMPOR,   É A EVOLUÇÃO DO FOLCLORE DEGRADANTE QUE SÓ DÁ PENA...

SERÁ QUE AS MULHERES ANDAVAM ASSIM COM O CABELO SOLTO


É ASSIM QUE O POVO QUER VER  O FOLCLORE



O RELÓGIO É PARA NÃO SE PERDER NO TEMPO


SAPATINHOS TÃO BONITOS   


O CORTE DE CABELO DESTE FOLCLORISTA É Á PANK



 FLORES DE PLÁSTICO ESTÁ MUITO MAL NO FOLCLORE
   ÀS PESSOAS QUE ESTÃO Á FRENTE DE UM RANCHO DESTES EU LHES CHAMO : ( IGNORANTES, BURROS E CASMURROS ) POIS ESTUDAR O FOLCLORE NÃO É SÓ IR AOS ENSAIOS E ACTUAR NAS FESTAS , ESTUDAR É SABER E COMPREENDER COMO FOI A VIDA DOS NOSSOS ANTEPASSADOS ,MAS ISSO DÁ MUITO TRABALHO E POUCOS SÃO OS QUE QUEREM PERDER TEMPO NESSA APRENDIZAGEM PARA PODER ENSINAR AOS MAIS NOVOS , OUTROS POR DANÇAR UM POUCO MELHOR PENSAM QUE SABEM TUDO E JÁ SÃO ENSAIADORES E NO FIM NEM SABEM PARA QUE SERVE UMA CINTA , ENFIM GENTE SEM HUMILDADE . O FOLCLORE E A ETNOGRAFIA É TÃO SIMPLES QUE SE TORNA UM ESTORVO PARA ESSAS PESSOAS QUE VÃO PELO CAMINHO DO FAZ DE CONTA E PELAS INVENÇÕES PORQUE É MAIS FÁCIL INVENTAR DO QUE PROCURAR COMO FOI.
MUITOS REFUGIAM-SE DIZENDO QUE O RANCHO  É PARA AJUDAR OS JOVENS E FAZER PASSAR O TEMPO  COM OS MAIS VELHOTES QUE TAMBÉM PERTENCEM A GRUPOS , MEUS SENHORES PARA AJUDAR OS JOVENS E OS MAIS VELHOTES Á INSTITUIÇÕES PARA ESSE FIM , NÃO ESTEJAM A MENTIR SOBRE UMA  COISA QUE É TÃO BELA « FOLCLORE E A ETNOGRAFIA »
NÃO TRANSFORMEM O FOLCLORE EM DIVERTIMENTO BANAL  OU SERVIR DE MERO CARTAZ TURISTICO OUTROS PARA SE PROMOVEREM Á CUSTA DO FOLCLORE.

OS RANCHOS TERÃO QUE SEPARAR O FOLCLORE E A ETNOGRAFIA, POR EXEMPLO TEREM PESSOAS PARA REPRESENTAR O FOLCLORE NOS BAILES E OUTRAS A REPRESENTAR A ETNOGRAFIA, PORQUE VEJO RANCHOS A DANÇAR COM AS SACAS ENRROLADAS ÁS PERNAS , A DANÇAR DE AVENTAL, COM AS SACAS NA CABEÇA, TAMBEM COM A SACA DO MOLEIRO, AS RAPARIGAS COM AS CESTAS DA VENDA COM AS SAIAS ENROLADAS ÁS PERNAS NO CASO DAS ALENTEJANAS, COM OS CHAPÉUS DA CEIFA ENTRE OUTRAS COISAS QUE LEVAM PARA REPRESENTAR . EU PERGUNTO OS NOSSOS AVÓS IAM ASSIM PARA OS BAILES ? ENTÃO SE NÃO IAM PORQUE VAMOS NÓS AGORA ? SERÁ QUE OS NOSSOS AVÓS IAM COM UMA BANDEIRA A DIZER DE QUE TERRA ERAM ? ENTÃO PORQUE OS RANCHOS O LEVAM ? SE  TUDO ISTO SE PODE FAZER BEM PORQUE NÃO REPRESENTA-LO BEM . 
ÁGUADEIROS EM LISBOA




  

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