CINTRASEUPOVO

sexta-feira, 24 de junho de 2011

QUEIJADAS DE SINTRA


PALÁCIO  EM SINTRA
História de um doce regional , queijadas como forma de pagamento de foros.

VENDEDEIRA DE QUEIJADAS
A história das queijadas de Sintra remonta à idade Média, desde o século XIII que um produto designado por queijadas figura como forma de pagamento de foros, por contratos de arrendamento de casais situados na região de sintra, numa área que compreende Rio de Mouro, Almargem do Bispo e se estende até Queluz, de um lado e até Cascais do outro. numa conferência intitulada Manteiga de Sintra, realizada em Sintra, em 1935, Tude Martins de Sousa refere documentos arquivados na Torre do Tombo que testemunham a utilização das queijadas como moeda de pagamento em contratos estabelecidos entre 1227 e 1585.

As queijadas aparecem nesses documentos ao lado de outros produtos alimentares, nomeadamente cereais ( em grão ou sob forma de pão ), bolos, ovos, manteiga e animais destinados á alimentação : cabritos, carneiros, porcos , galinhas .
em 1227, « uns casais » em Manique, são arrendados ao Mosteiro de São Vicente de Fora, por « dois moios  de pão meado, um carneiro, uma dúzia de queijadas e um púcaro de manteiga ».
VENDEDEIRA DE QUEIJADAS  DE 1850
 O Casal do Rebolo, em Almargem do Bispo, é arrendado, em 1481, ao Convento da Trindade por  « cem  alqueires  de trigo e noventa de cevada ; um porco de dois anos e uma dúzia de queijadas ».
Em 1490, data o arrendamento  do Casal dos Sete Sizos, em Rio de Mouro , ao Convento de Santo Eloi, por « dois moios de pão meado e um carneiro  de um ano , um cabrito, doze bolos e doze queijadas ».
Para além destes documentos, Tude Martins de Sousa analisou também alguns dados estatísticos relativos à cidade de Lisboa, referentes ao ano de 1552, dos quais consta que  « do termo de Lisboa iam continuamente 200 mulheres a vender leite, queijos frescos, natas, queijadas e requeijões e que na Ribeira havia 50  mulheres a que chamavam regateiras, que vendiam laranjas e queijos frescos, manteiga fresca e limões », avaliando-se em mais de 4000 cruzados o valor dos produtos, supondo-se que nesses arredores « certo a Sintra caberia uma boa parte ».

Estas referências permitem-nos concluir que no século XIII as queijadas de Sintra eram já um produto alimentar de grande importância , que até figurava como forma de pagamento de foros.
Existem actualmente oito fabricantes de queijadas de Sintra seis das quais na Vila de Sintra e dois  em Mem Martins, são eles : a FABRICA DAS VERDADEIRAS QUEIJADAS DA SAPA, na volta do duche.


 A PASTELARIA PIRIQUITA, na vila velha.

 A PASTELARIA GREGÓRIA, na estefânia. 

CASA  DO PRETO
CASA DO PRETO,  em chão-de-meninos .

 E AS PASTELARIAS MONSERRATE E TIROL DE SINTRA, AMBAS NA ESTEFANIA.

 Em Mem Martins, o fabrico de queijadas, é destinado essencialmente á venda ambulante por Eugénia e Maria Augusta, nenhuma destas marcas de queijadas foi até hoje separada da familia ou da casa que a criou. Em cada uma das sucessivas gerações das familias ligadas às queijadas da Sapa, da Piriquita, do Gregório ou do Preto.

Contudo desde a lendária Maria Sapa com quem se iniciou a industrialização do fabrico das queijadas, em 1756, e cuja marca se manteve até aos nossos dias.  Maria Sapa residente em Ranholas, fabricava nessa altura vinte dúzias de queijadas por dia os seus clientes eram fidalgos, que a caminho de Sintra faziam uma paragem em Ranholas aproveitando essa paragem saboreavam umas queijadas.


O miolo
A massa do recheio das queijadas -- o miolo -- como é designada localmente consiste na mistura de queijo de vaca fresco, açucar, gemas de ovo, farinha de trigo e um pouco de canela. O queijo e os ovos são os ingredientes principais destes bolos, que lhes conferem a sua especialidade em relação a outros tipos de queijadas.


A cozedura
Enchidas as cascas, segue-se a cozedura. Há muito que os fornos eléctricos substituiram os de lenha e que as pás de madeira, com as quais se introduziam e se retiravam as queijadas do forno depois de cozidas , deram lugar aos tabuleiros de metal. No passado , para aquecer os fornos utilizava-se a lenha que resultava da limpeza da serra de Sintra ( a mesma que servia para as padarias e pastelarias da região ) talvez por isso hoje haver tantos fogos , não se limpam as matas porque a lenha não serve para nada , a não ser só para as lareiras de casa.
Empapelar e embrulhar
De seguida as queijadas são acomodadas em embrulhos de papel em lotes de meia dúzia, unidas duas a duas pela superficie superior, separadas por quadradinhos de papel para não se colarem umas á outra, esta operação dá-se a designação de empapelar ou acasalar. A forma como as queijadas são dispostas duas a duas bem como o modo como se embrulham mantêm-se inalteráveis desde há mais de um século.

CASCA --massa fina e estaladiça que envolve as queijadas
CORTAR --recortar a massa que se destina à casca das queijadas em circulos de dimensão pré-estabelecida.
EMBORCAR --significa inverter as queijadas com a superficie superior virada para baixo , á saida do forno, de modo a ficarem lisas enquanto arrefecem.
EMBRULHAR -- depois de empapeladas ou acasaladas, as queijadas são embrulhadas em lotes de meia dúzia.
ENCHER -- colocar o recheio das queijadas nas respectivas cascas, operação em que se utiliza uma espécie de funil em zinco com o bico um pouco mais largo.
ENCOVAR -- designação que corresponde ás queijadas cujo recheio vai baixando á saida do forno, à medida que arrefecem, formando uma cova no meio.
ERGUER -- unir cada uma das partes das rodelas de massa recortadas e golpeadas de modo a formar o invólucro da queijada.
   
 
  PREGÃO :  OLHA  A BELA  QUEIJADINHA  DE  SINTRA !...

vila de sintra

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.