CINTRASEUPOVO

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A CARRIS



Em 1912 a Companhia Carris inaugurou uma carreira de autocarros de Sete Rios para Carnide , respondendo assim ao apelo de transporte das cercanias de Lisboa sem o oneroso prolongamento das linhas dos carros eléctricos. A Leyland forneceu os autocarros segundo as normas impostas pelo Governo Civil de Lisboa: deviam possuir tejadilho, cortinas laterais por causa do Sol, bancos estofados com palha no assento e encostos de material imitando couro; tinham rodas de borracha e motores de 55 CV.
Até 1915 houve mais carreiras: para Algés, Carnaxide, Caneças, Montachique , Bucelas, Mafra e Ericeira e, efemeramente, também Sintra. Por isso, por percorrerem os arredores saloios, chamou-se-lhes carros saloios. No fim daquele ano de 15, por causa da Grande Guerra, os carros saloios acabaram.

MESTRE LEAL DA CÂMARA

Mestre Leal da Câmara

Nascido em 30 de Novembro de 1876 em Pangin, Nova Goa, na Índia, Tomás Leal da Câmara era filho de um oficial militar que prestava serviço naquela colónia portuguesa. Aos quatro anos regressa ao nosso país e desde criança que se lhe notava uma forte propensão para o desenho. Estudou agronomia e veterinária, mas foi no jornalismo que iniciou a sua vida profissional.
Aliando o seu apurado “sentido” crítico com as suas aptidões nas artes, nomeadamente no desenho caricatural, que desenvolvera desde a juventude, de uma forma bem humorística fez críticas à sociedade e aos políticos de então, publicando jocosas caricaturas em revista e jornais da época, tais como, O Inferno, A Marselhesa, A Corja e O Diabo, sendo os mais visados o clero e a realeza, principalmente o Rei D. Carlos.

Estas habilidades valeram-lhe perseguições pelo poder político, obrigando-o a fugir para Madrid onde também põe em prática a sua arte, ridicularizando a nobreza e a sociedade vigente no país de “nuestros hermanos”. Encontrando-se insatisfeito e perseguido partiu para Paris, cidade luz e dos poetas, tendo-se aí deparado com uma república fervilhante de ideias novas e emoções, mais apropriada para o seu feitio irreverente. Regressou a Portugal aquando da implantação da República, mas os ideais que encontrou e as diferenças culturais cada vez mais cavadas, não o convenceram. Voltou para Paris onde pôs em prática a sua arte de forma livre e espontânea, retratando a vida daquela sociedade em belas pinturas a óleo, aguarelas e tinta da china, colaborando no grande jornal de caricaturas L'Assiette au Beurre, sendo a sua arte reconhecida na Europa.

Quando rebentou a primeira grande guerra mundial retornou a Portugal, fixando-se em Leça da Palmeira, tendo exercido a profissão de professor de desenho na Escola Infante D. Henrique, no Porto, voltando depois a Lisboa onde continuou a leccionar e a pintar as suas famosas aguarelas, tendo também ilustrado os contos para crianças de Ana de Castro Osório. Em 1922 esteve no Brasil onde deixou também a sua marca artística.

Desde a fundação de Portugal que Sintra e as suas terras envolventes, com paisagens verdejantes, abundantes águas e belos palácios, foi escolhida como local de caça e de descanso da nobreza. Na primeira metade do século passado, com o fim da monarquia, foi procurada pelos novos-ricos. Banqueiros, comerciantes e artistas, construíram chalés, moradias e recuperaram palacetes antigos. Muitos deixaram de vez o bulício da capital e passaram a viver no campo. Assim pensou o artista Leal da Câmara, em 1930 comprou uma antiga cavalariça, que servia de entreposto de muda de cavalos, outrora propriedade do Marquês de Pombal, situada num dos caminhos da rota de Sintra, em Rinchoa. Restaurou-a, decorou-a a seu gosto, fazendo dela sua residência e ateliê. Aqui realizou grande parte da sua obra, retratando a vivência saloia das gentes da terra, na sua maioria camponeses e criados, que viviam dos trabalhos do campo.
Eram tantas as obras de arte que possuía, que transforma a sua casa em museu-ateliê. Veio a falecer em 1948, deixando vastíssima obra às gentes da terra, que poderá ser apreciada na Casa-museu, a que foi dado o seu nome.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

TERRAS POVO SALOIO

Trabalhadores da fábrica da polvora em Barcarena
o polvorista e o ferrador
Segundo Leite de Vasconcelos, a mais recuada referência ao termo " saloio " terá sido feita por Manuel Machado de Azevedo ( séc. xv1 ) que num poema dedicado a sá de Miranda no qual lhe chamava " saloio " por ele ter ausentado da capital e fixado no campo ( no Minho ) . E durante alguns séculos o território saloio foi, para a maioria dos autores, toda a região do " Termo de Lisboa "; mas, não esqueçamos que o conceito de " Termo de Lisboa " se foi alterando conforme o decorrer dos tempos . Ainda nos finais do século (19 ) zonas como Alvalade, Alto Pina, Campo de Ourique, Campo Grande, Benfica, Algés, Dafundo, ou Cruz Quebrada eram consideradas como sendo arredores de Lisboa, eram zonas habitadas por saloios e nas quais os lisboetas faziam os seus " picnics " de domingo ou veraneavam.

Recordarei que, em épocas diferentes vàrios autores dão como sendo território saloio e saloios os habitantes do campo e neste caso que estou a falar é das localidades como : Caneças, Frielas, Loures, Benfica, Porcalhota, Damaia, Rio de Mouro -- hoje zonas integradas na grande Lisboa -- Sacavém, Terrugem, Unhos, Camarate, Mafra, Sintra, Montelavar, Lourinhã, Cadaval, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras, Óbidos, Caldas da Rainha, Oeiras .

João Paulo Freire, Alberto de Pimentel e Micaela Soares, autores contemporâneos juntamente considerados como sendo os principais e mais profundos estudiosos dos saloios, debruçaram-se em assuntos de capital importância como : a etimológica da palavra " saloio " ; o território saloio; caracterização humana , psicológica e sociológica do saloio; aspectos etnográficos e espirituais, religiosos, etc. dos saloios; a linguagem dos saloios, etc. Contudo , como a maioria dos antropólogos, etnógrafos e folcloristas é muito " pela rama " que se referem às danças dos saloios.

A verdade é que a designação de " saloio " foi, desde sempre dada, precisamente, aos mouros--berberes que se fixaram em volta de Lisboa e, até, por vezes em regiões algo distantes da capital.

Dado que, após a fundação de Portugal, as duas etnias, ou melhor: os dois grupos etno-religiosos, cristãos e muçulmanos pautaram as suas relações por uma salutar tolerância, sabe-se que, ao longo dos tempos, se estabeleceram íntimos contactos, quer éticos quer culturais, processo de miscigenação em que os moçárabes ( isto é : os godo-cristãos que adoptaram os costumes muçulmanos ) desempenharam um papel de grande e profunda influência. À existência de saloios como descendentes dos mouros que se fixaram em arrabaldes rústicos e campesinos em volta de grandes centros populacionais .

quarta-feira, 16 de junho de 2010

TRADIÇÃO MUSICAL DA REGIÃO SALOIA


Tendo até há poucas décadas uma vida maioritariamente fundada na agricultura e na ruralidade, a região saloia não apresenta, sob o ponto de vista etnomusical, diferenças essenciais em relação à região estremenha que a envolve ao norte até à zona de Caldas da Rainha . decorrente do facto de a sua população ir em grande número vender produtos agrícolas à capital, apenas um tipo de canto possuirá que não partilhará com outra região : os pregões. Mas mesmo este tipo nos parece mais próprio de lisboa, aprendido no ambiente das ruas de Lisboa, do que das terras de origem dos vendedores.

O crescimento demográfico, a industrialização, a transformação de grande parte do seu território em cidades e aldeias dormitórias não trouxe à região saloia qualquer contributo ao substracto etnomusical existente. Apenas provocou a seu mais rápido isolamento e uma mais acelarada decadência dos usos e costumes rurais e, por conseguinte, da música de tradição oral. É , todavia, ainda é possivel encontrar aqui e ali, no campo da região saloia, alguns desses velhos costumes, algumas dessas antigas tradições musicais, o que tenho procurado registar através das pesquisas e trabalho de campo .

Dadas as limitações de tempo próprias de uma comunicação deste tipo, apenas é possível abordar perfunctoriamente a música tradicional da região saloia, dando três exemplos documentados em filme, um para cada um dos géneros musicais tradicionais: o trabalho, a religiosidade popular, o amor e o divertimento. Estes são os três grandes temas funcionais da música do nosso povo rural , decorrentes, qualquer deles dos três componentes e objectivos essenciais da vida rural de há alguns decénios : antes de mais, angariar o sustento, lavrando, semeando e cuidando a terra ; depois, agradecer à divindade as colheitas conseguidas e impetrar-lhe protecção para o futuro; por fim, namorar, amar, bailar e divertir-se . A cada um destes aspectos da vida rural cabe um tipo de música, pois o povo tudo serve para cantar e fazer música . E assim nasceu o aforismo, que resume a vivência musical do nosso povo :

A CANTAR SE TRABALHA

A CANTAR SE ORA

A CANTAR SE AMA

Ouvir cantos e esses toques leva-nos a mergulhar nas mais profundas raízes musicais do povo, a escutar ecos seculares da voz e da alma portuguesa.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

QUE POVO É O NOSSO

QUE POVO É O NOSSO

Quase todos os ranchos de folclore, nasceram depois de 1975 porquê ?.
em 1975 estávamos a sair de uma repressão ( pide escravidão) e aparecem as pessoas a formar ranchos de folclore a quererem lembrar o passado porquê ?.
o bom disto tudo é que aparecem os ranchos a lembrar o bom desse povo , que é as danças, o trajar as festas e romarias, e o menos bom como a vida e suas maneiras de sobrevivência .
o saloio nunca teve grande vontade de imigrar ou de migrar, porque estava perto da grande cidade e tinha tudo para andar com os seus negócios , ou outros trabalhos .
outras regiões sim tinham esse desejo essa vontade de sair da sua terra para encontrar uma vida melhor e com mais qualidade.
muitos grupos de pessoas vinham do Alentejo ceifar para os arredores de lisboa, pessoas vindas do Ribatejo , outras vindas das terras do norte á procura de outros trabalhos,
Raparigas vinham servir de criadas para casas de pessoas mais abastadas e por cá ficavam e assim foi crescendo esta região a saloia, muitas raízes desses povos portugueses veio misturar com as raízes saloias. Principalmente maneiras de dançar, cantar. Por esse motivo os ranchos saloios têm obrigação de preservar a sua própria cultura não quero dizer que a dos outros não presta, não é nada disso, apenas digo para preservarmos a nossa a saloia. E ai é que os ranchos têm um papel muito importante e mais importante é o papel dos tocadores e dos ensaiadores porquê ?
há muitos ranchos que os ensaiadores são alentejanos, ribatejanos ou do norte assim como os tocadores, ora mesmo com muito cuidado acabam por pôr modas da sua terra ou cantos da sua terra e ai começa as misturas todas porque daqui a alguns anos já ninguém sabe como é que apareceu as modas . E o grande papel dessa gente é estudarem sobre a cultura saloia, fazer recolhas de modas , cantares, trajos, pregões e outras actividades festivas .
é para isso que os ranchos servem para que cada povo de cada terra , vila ou aldeia não perca a sua identidade e a sua cultura.
cada dia que passa estamos a matar a cultura portuguesa senão olhem ao vosso redor, os povos portugueses estão todos misturados, alentejanos, algarvios, ribatejanos, Minho, transmontanos, e tudo isto vai adulterando a nossa própria identidade, porque cada pessoa que passa tenta impor a sua cultura e ensina as coisas da sua terra é normal.
mas também temos um problema maior é a cultura dos povos de outros países, africanos ,romenos, árabes , chineses
Bósnios , brasileiros e é aqui que a nossa cultura vai desaparecer , digo isto apenas para alertar os ranchos saloios e não só. Eu não estou contra as outras culturas, estou só a dizer que temos que preservar a nossa . Sobre o folclore e a musica popular os grandes inimigos são:
As tv,s – rádios nacionais e algumas locais, e os governantes, mas os principais culpados somos nós ( o povo ) que vamos mantendo essa gente nesses lugares, assim como também basta ser musica estrangeira já é boa mesmo que não tenha qualidade , é um grande defeito dos portugueses.
as tv,s não querem saber da cultura popular, as rádios 99% é musica estrangeira 1% é musica portuguesa.